Falar sobre sustentabilidade deixou de ser opcional e passou a ser obrigatório em eventos que reúnem gestores e líderes da área da saúde. Na Hospitalar 2024 não seria diferente. No primeiro dia de evento, a Abimed - Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde promoveu uma palestra sobre "Sustentabilidade na Saúde". O evento contou com a participação de renomados especialistas do setor, como Adriana da Costa, Managing Director da Siemens Healthineers; Fabricio Campolina, Presidente da Johnson & Johnson MedTech Brasil; Silvio Garcia Jr, Head de Relações Institucionais e Governamentais da Abimed e Patricia Ellen Cofundadora da Aya Earth Partners.
Um dos temas mais citados por Patricia, que iniciou o painel, foi os desafios climáticos que o mundo enfrenta, como as temperaturas recordes registradas em julho de 2023 e as enchentes que aconteceram este ano no Rio Grande do Sul. Enfatizou a necessidade urgente de o Brasil se adaptar às mudanças globais, citando iniciativas internacionais como o Projeto de Lei dos EUA que visa a transição energética e a bioeconomia, e o European Green Deal, que centraliza a ação política na transição verde.
"A economia circular oferece uma enorme oportunidade de crescimento do PIB, estimada em US$ 4,5 trilhões até 2030", afirmou Patricia, reforçando a importância de modelos econômicos sustentáveis que promovam a reutilização de recursos e redução de desperdícios. Ela destacou ainda o papel crucial da biotecnologia e da bio-saúde nesse processo.
Stands sustentáveis, energia renovável e cadeia logística verde
Apesar do Brasil não ser líder em ações que pensem a sustentabilidade na saúde, alguns cases de sucesso vem colocando o país em destaque, como os que foram apresentados pelos líderes da Siemens Healthineers e da Johnson & Johnson MedTech Brasil na Hospitalar 2024.
Fabricio Campolina observou que a saúde tem sido historicamente secundária nas agendas ESG (Environmental, Social and Governance) das empresas, muitas vezes vista com ceticismo como "greenwashing". Ele defendeu uma mudança de paradigma, onde a saúde assuma um papel protagonista na sustentabilidade. Por isso, destacou que uma das metas da Johnson & Johnson para fazer sua parte nessa cadeia é de ser carbono zero até 2030.
Stands 100% sustentáveis passaram a ser utilizados em todos os eventos que a empresa participa, com compensação de carbono e certificado de impacto zero durante as feiras. A energia renovável também é uma das apostas, permitindo que fábricas e centros de distribuição operem com 100% de energia limpa. Além disso, a cadeia logística verde já reduziu aproximadamente 1 tonelada de papelão anualmente, graças à colaboração com parceiros.
Tecnologias portáteis e maior acesso à saúde
Adriana da Costa, por sua vez, reforçou a urgência de uma economia de baixo carbono na saúde. Ela mencionou o compromisso da Siemens Healthineers em desenvolver equipamentos com menor uso de recursos como o hélio, promover a economia circular e melhorar o acesso à saúde com tecnologias portáteis.
"Não adianta desenvolver produtos sustentáveis sem pensar no acesso para todos," salientou.
Em parceria com o Hospital das Clínicas, a empresa lançou um projeto destinado a levar exames médicos, como pré-natal e ultrassom, para áreas remotas de populações ribeirinhas. Além disso, está investindo no desenvolvimento de tecnologias que reduzam o impacto ecológico da radiologia, promovendo o bem-estar dos pacientes e o uso responsável dos recursos naturais. Dessa forma, a empresa pretende contribuir para um futuro mais sustentável na área da saúde.
Responsabilidade das empresas
A responsabilidade das empresas em toda a cadeia produtiva foi um ponto crucial da discussão. Silvio Garcia Jr destacou que o investimento em sustentabilidade já é uma demanda clara dos consumidores e que, além de ser ético, é também um bom negócio. "A pauta ESG está presente no plano de negócios de todas as empresas. Cumprir esse papel é dar um grande passo adiante," afirmou Silvio.
“Eu acho que esse é um tema prioritário para discutirmos aqui. Promover a sustentabilidade ambiental é um tema que levamos a sério na Johnson & Johnson MedTech e é uma alegria poder contribuir aqui no Hospitalar”, afirmou Fabricio Campolina.
Com exemplos práticos, o painel demonstrou que a sustentabilidade na saúde é uma meta viável e necessária, impulsionando o setor para um futuro mais verde e acessível.
Fonte: saudebusiness
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