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Prioridade é construir cidades sustentáveis


A transformação digital e a capacidade tecnológica são instrumentais para a construção de cidades que, mais do que inteligentes, têm de ser sustentáveis.

Miguel Castro Neto diz que as cidades com maior maturidade em termos de inteligência humana foram capazes de dar uma resposta mais assertiva durante a pandemia. As cidades são espaços de oportunidades, é onde se gera riqueza, se partilha conhecimento, existe polos de criatividade. Neste reduzido espaço físico, as cidades representam menos de 2% da superfície da Terra, vive atualmente 50% da população mundial e cria 80% da riqueza global, diz Miguel de Castro Neto, subdiretor da Nova Information Management School. Em 2050, 70% da população mundial viverá nas cidades, que já hoje produzem 50% dos resíduos globais, consomem 75% da energia mundial e 80% das cidades emitem mais de 80% do total de emissões de CO2. "Temos grandes desafios para manter a dita qualidade de vida de quem vive, visita ou trabalha numa cidade ou uma vila através de uma gestão eficiente de serviços e de infraestruturas, e, ao mesmo tempo, tomar medidas ativas para responder a esta emergência climática", disse Miguel de Castro Neto. Na sua opinião, é um desafio que extravasa o espaço nacional. É global, passa sobretudo pela tecnologia e pela capacidade de as cidades se tornarem inteligentes, se capacitarem tecnologicamente, para poderem tirar partido da tecnologia e dos dados que são gerados pelos sistemas, os sensores e as pessoas, para alterar o paradigma de gestão e planeamento das cidades. "Não apenas de uma forma reativa, mas de forma ativa para antecipar necessidades e adaptar os serviços da cidade às reais necessidades do cidadão e promover uma utilização mais eficiente dos recursos respondendo assim ao imenso desafio climático que nós vivemos", afirma Miguel de Castro Neto. Estratégias sustentáveis Sublinhou que a transformação digital e a capacidade tecnológica são instrumentais para a construção de cidades que, mais do que inteligentes, têm de ser cidades sustentáveis. "Primeiro havia as estratégias digitais, a partir de certa altura todas as estratégias têm de incorporar o digital, e é o que está a acontecer com a sustentabilidade", frisou Miguel Eiras Antunes, partner da Deloitte. Miguel de Castro Neto esclareceu que o objetivo n.º 11, "cidades e comunidades sustentáveis", segundo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis das Nações Unidas, adiciona outras três dimensões à sustentabilidade: "A inclusão para garantir que as soluções que construímos são para todos, garantimos a segurança, a resiliência, e a capacidade para respondermos a emergências e a situações inesperadas.


Quando foram pensados estes desafios não se imaginava a atual situação de pandemia em que vivemos, mas de facto fomos confrontados com uma realidade que colocou os governos locais, as cidades e as vilas de todo o mundo a ter de responder a perguntas e a resolver problemas que não antecipávamos", salientou Miguel de Castro Neto. Segundo o professor da Nova Information Management School, "as cidades com maior maturidade em termos de inteligência urbana foram capazes de dar respostas mais assertivas e mais exatas onde fazer e como fazer e a quem responder. A capacidade decorrente de cidades mais inteligentes foi um fator crítico tanto, mais que foram os governos locais, os autarcas que estiveram na linha da frente deste combate". "A pandemia levou-nos a olhar para cidades vazias, fomos confinados e com este confinamento deparamo-nos com cidades sem automóveis, o ruído reduziu-se substancialmente, a qualidade do ar melhorou e percebemos que nós próprios viveríamos muito melhor nestes espaços urbanos se, objetivamente, déssemos esse enorme passo que é construir cidades sustentáveis e promover a descarbonização que todos ambicionamos", concluiu Miguel de Castro Neto.

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