Pesquisadores da University College London, no Reino Unido, concluíram que as cidades precisam se livrar dos carros para serem habitáveis no futuro. O artigo, publicado na Royal Society Open Science, analisa o crescimento do números de transportes individuais, o que causa grandes congestionamentos e poluição.
Os cientistas criaram um modelo matemático que calculou um cenário para uma cidade com 50 milhões de habitantes e 50 milhões de carros, onde todos os moradores usam os automóveis diariamente. Como resultado, a cidade enfrenta os mais altos níveis de congestionamento e requer mais infraestrutura, como avenidas, pontes e estacionamentos para acomodar os veículos. Além disso, eles também constataram que há um paradoxo: as pessoas usam transporte individual para minimizar o tempo de deslocamento, mas ficam muito mais tempo no trânsito.
“A cidade do futuro, com milhões de pessoas, não pode ser construída em torno de carros e sua infraestrutura cara. Em algumas décadas, teremos cidades com 40 ou 50 milhões de habitantes, e essas poderiam criar estacionamentos com 40 ou 50 milhões de carros”, disse, em nota, Rafael Prieto Curiel, autor principal do estudo. “A ideia de que precisamos de carros vem de uma indústria muito poluente e de um marketing muito caro.”
Em geral, melhorar a qualidade do transporte público diminuiria o tempo de deslocamento, pois mais residentes escolheriam ele ao invés de dirigir. Ainda assim, restringir a quantidade de carros na rua também pode funcionar. Por exemplo, se um grupo de pessoas tem permissão para dirigir uma semana e deve usar outros meios de transporte na próxima, o tempo médio de deslocamento poderia ser reduzido em até 25%. Isso levaria a menos congestionamentos e uma cidade com mais qualidade de vida.
Os especialistas acreditam que o modelo deve encorajar as pessoas a apostarem em transportes alternativos. “Atualmente, grande parte dos terrenos das cidades é dedicado a carros. Se nosso objetivo é ter cidades mais habitáveis e sustentáveis, então devemos tomar parte desse terreno e alocar a meios de transporte alternativos: caminhada, bicicleta e transporte público”, ressalta o co-autor Humberto González Ramírez. Nesse sentido, outro fator a ser lembrado é a sustentabilidade, já que a produção global de automóveis – incluindo carros elétricos – contribui com 4% das emissões totais de dióxido de carbono. Outros poluentes associados incluem o uso de gasolina e eletricidade, os materiais e infraestrutura necessários e o congestionamento gerado por grandes volumes de carros.
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