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Falta de tecnologia adequada prejudica o SUS no enfrentamento à sífilis.


O aumento dos casos de sífilis é uma preocupação global, fator que tem chamado a atenção das autoridades sanitárias de países como Estados Unidos, China, Austrália, Brasil e da União Europeia. A resposta a sífilis exigem diversas intervenções de saúde pública, todavia um dos principais entraves para o enfrentamento a epidemia de sífilis, que é uma infecção sexualmente transmissível (IST), é a falta de tecnologia apropriada, que garanta um resultado confiável, aspecto determinante, no rastreio dos casos, para evitar a propagação da IST e principalmente da sífilis congênita, quando a doença passa da mãe para o bebê, durante a gestação ou durante o parto.


Somente no Brasil mais de um milhão de pessoas são diagnosticadas, anualmente, com sífilis.  A quantidade é semelhante entre as pessoas que testam positivo para HIV/AIDS. Para ofertar a testagem aos dois agravos, o governo brasileiro gasta cerca de R$ 480 milhões, por ano, com a importação somente de testes rápidos, sem considerar outros insumos para outros testes diagnósticos.


Para modificar essa realidade, um grupo de pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN), desenvolveram o duo test para Sífilis e HIV, que poderá custar até 75% menos do que os testes utilizados atualmente. o melhor cenário, isso pode gerar uma economia de até R$ 360 milhões, por ano, ao estado brasileiro. Além da economia direta, o Brasil também estaria ganhando autonomia na produção deste tipo de tecnologia, fator que contribui para reduzir gastos com importações.


De acordo com o diretor executivo do LAIS, Ricardo Valentim, o duo test é uma inovação tecnológica em saúde importante, não somente para melhorar o controle da Sífilis e do HIV/AIDS no Brasil, mas também por contribuir para o fortalecimento do complexo econômico e industrial da saúde do país. “Existe agora uma possibilidade real de produção tecnologia nacional, que pode inclusive ser exportada para outros países. Ao mesmo tempo, essa tecnologia poderá atuar como um dos motores para o desenvolvimento social e econômico, ao induzir a produção de empregos no Brasil, o que fortalecerá a indústria nacional, pilares essenciais para geração de riqueza e para o equilíbrio da balança comercial brasileira – algo realmente necessário não somente para SUS, mas para economia do país”.


O novo teste aponta para avanços importantes, destaca-se a possibilidade de detectar se a pessoa testada está potencialmente infectada com sífilis e/ou HIV/AIDS, para isso utiliza um único equipamento digital (point of care) para isso. Para Leonardo Lima, um dos autores do artigo, essa testagem única tem um impacto importante na saúde pública. “Haverá uma melhor condição para a tomada de decisão e diagnóstico na atenção primária em saúde, uma vez que vai ser possível identificar pacientes potencialmente infectados, ao utilizar a mesma amostra, com um resultado emitido em, no máximo, 15 minutos, desde a coleta até o resultado final. Isso pode ajudar bastante a reduzir a transmissão, por exemplo, dos casos de Sífilis e do HIV, e também reduzir os custos e a mortalidade associada”, ressaltou o pesquisador do LAIS.


Além das pesquisas que resultaram no duo test, o LAIS vem desenvolvendo diversos estudos, sendo chancelados em publicações internacionais, como Elsevier, Nature, Frontiers e The Lancet, que estão entre os mais renomados periódicos internacionais. Esses estudos apontam o mapeamento dos casos de sífilis e a eficácia dos diversos testes colocados em prática. 


Há também pesquisas direcionadas para a formação continuada dos profissionais de saúde, para o diagnóstico e notificações dos casos da IST, além de pesquisas na área de comunicação e educação, no intuito de provocar uma mudança de comportamento na população. Uma das pesquisas aborda a educação integral em sexualidade, colocada em prática em escolas, cujo os adolescentes são também o público alvo. “O trabalho propõe levar o conhecimento aos adolescentes para que entendam as transformações emocionais, físicas e psicológicas que a adolescência traz e, com isso, conhecer-se e prevenir-se”, explicou a Valéria Credidio, pesquisadora do LAIS. A pesquisa faz parte de sua tese de doutorado em Sustentabilidade Social e Desenvolvimento.



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