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De quantas roupas a gente precisa, exatamente?


“Compre menos e melhor” tornou-se um jargão comum no movimento de sustentabilidade da moda. Mas quanto, exatamente, deveríamos realmente comprar? Se um novo relatório servir de referência, provavelmente muito menos do que você pensa. Pesquisadores do Hot Or Cool Institute de Berlim descobriram que deveríamos comprar apenas cinco peças novas por ano para ficarmos alinhados com a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5°C. Isso significaria que os compradores no Reino Unido, por exemplo, precisariam reduzir seu consumo em até 80% em alguns casos.


“Estamos habituados a consumir moda de uma forma realmente excessiva e fora de escala com o que precisamos”, disse Luca Coscieme, gerente do programa de pesquisa do Hot Or Cool Institute e um dos principais autores do relatório, à Vogue. “Estamos consumindo cada vez mais a preços mais baratos e com um tempo de uso mais curto por item”, acrescenta Lewis Akenji, diretor-gerente do instituto e líder do relatório.


Coincidentemente (ou não), são os compradores em países mais ricos que estão consumindo mais do que sua cota justa de moda. O relatório constatou que Austrália, Japão, Estados Unidos e Reino Unido têm a maior pegada de carbono per capita quando se trata de consumo de moda. Dos países do G20, Índia, Brasil, China, Turquia e Indonésia têm a menor pegada de carbono per capita. “A moda mostra como a sociedade é desigual – não apenas em economicamente, mas também em termos de contribuição para as emissões de gases de efeito estufa”, diz Akenji.


Os pesquisadores descobriram que um guarda-roupa “suficiente” consiste em 74 roupas e 20 conjuntos no total. Como exemplo, eles sugeriram seis looks para o trabalho, três para casa, três para esportes, dois para ocasiões festivas, além de quatro jaquetas. “É uma estimativa muito generosa”, comenta Akenji. Um guarda-roupa francês durante a década de 1960 consistia em cerca de 40 peças, embora os tempos tenham mudado desde então.


Curiosamente, os autores do relatório sugerem que, se outras ações forem tomadas por marcas e consumidores, poderíamos realmente voltar aos níveis de consumo de 2010 no Reino Unido e ainda estar dentro do orçamento de carbono da moda para um caminho de 1,5°C. “Não estamos realmente falando em voltar à Idade Média”, explica Coscieme. “Quando falamos sobre essas grandes reduções, isso não significa que você tenha que se contentar com uma ou duas camisetas – é muito mais viável."


Além de reduzir a quantidade absoluta de roupas que estamos comprando, existem outras mudanças comportamentais que podemos fazer para reduzir nossa pegada de moda. Comprar roupas de segunda mão pode ajudar, mas apenas se você estiver comprando esse item ao invés de algo novo. “Na maioria dos casos, a segunda mão é usada para continuar consumindo excessivamente”, diz Coscieme. “Quando você compra uma roupa de segunda mão, ainda tem todos os impactos associados ao consumo; ainda conta como uma peça de roupa que você deve lavar e, eventualmente, descartar.


Nesse ponto, lavar a roupa a 30°C e pular uma em cada três lavagens pode reduzir sua pegada de carbono, enquanto usar a roupa por mais tempo é a segunda melhor coisa que você pode fazer, depois de não comprar nada novo. De acordo com a instituição de caridade WRAP, prolongar a vida média de uma peça de roupa em nove meses pode reduzir sua pegada de carbono em cerca de 25%. Garantir que você descarte adequadamente suas roupas para que elas não acabem em aterros sanitários (vendendo-as, por exemplo) também pode ajudar a reduzir as emissões de carbono.


Claro, o comportamento do consumidor é apenas parte do quebra-cabeça, principalmente considerando que a maior parte da pegada de carbono da moda vem da produção de roupas. Mas a mudança coletiva pode ajudar a influenciar a indústria como um todo. “Sentimos que havia realmente uma lacuna sobre o que podemos fazer como consumidores e como traduzir isso em ações concretas que podemos fazer hoje”, diz Coscieme.


Fonte: umsoplaneta



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