Umma oferta milionária transformou a vida de moradores de Dimock, na Pensilvânia, há duas décadas: 5 mil dólares mensais por 50 anos, em troca da exploração de gás natural em seus terrenos. O que parecia um conto de fadas rapidamente se tornou um pesadelo ambiental. “Prometeram dinheiro fácil, mas nos deixaram com rios contaminados e água imprópria para o consumo”, lamenta Victoria Switzer, uma das residentes afetadas. Hoje, a comunidade enfrenta as graves consequências do fracking, que arrasou a paisagem e a saúde dos habitantes.
A herança das minas e os rios enferrujados
A Pensilvânia tem uma longa história ligada à mineração de carvão, que aquecia casas e movimentava locomotivas.
Porém, a desativação das minas subterrâneas resultou em túneis inundados, contaminando rios com água cheia de enxofre.
“Sob os nossos pés havia uma gigantesca mina de carvão. Hoje, essa água brota do solo contaminada, direto pros rios”, relata Bobby Hughes, que luta para reabilitar os rios da região, agora conhecidos como “rios enferrujados”.
O fracking e suas promessas
Com o declínio da indústria do carvão, o fraturamento hidráulico (fracking) emergiu como uma nova promessa econômica, oferecendo uma suposta energia mais limpa.
Empresas perfuraram poços nas propriedades dos moradores e injetaram produtos químicos para liberar o gás natural das camadas de rocha. O processo, porém, gerou problemas ambientais severos, criando piscinas de água contaminada. Ray Kemble, uma das vítimas do fracking, relata os impactos à saúde: “Eu tive que fazer sete cirurgias de câncer no último ano e meio”.
As consequências globais do gás natural
A princípio, o gás natural parecia uma alternativa menos nociva ao meio ambiente, mas descobriu-se que o vazamento de gás durante a perfuração agrava ainda mais as mudanças climáticas.
Além disso, a produção de gás natural transformou os EUA no maior exportador global, especialmente após as sanções à Rússia na guerra contra a Ucrânia.
Divisão nas eleições dos EUA
Na Pensilvânia, estado crucial para as eleições presidenciais, o fracking é um tema polarizador.
Donald Trump defende sua continuidade com o slogan “Drill, baby, drill”, enquanto Kamala Harris, que antes se opunha à prática, mudou de postura para atrair eleitores locais. Enquanto isso, as marcas deixadas pelo fracking fazem muitos questionarem se o “sonho americano” ainda existe em meio à degradação ambiental.
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