A urgência da crise climática no mundo tem mobilizado a busca por soluções para a mitigação e adaptação para essas mudanças. A sustentabilidade é uma meta a ser alcançada e, quando se trata do meio urbano, o planejamento de cidades sustentáveis tem ganhado ainda mais força, principalmente no Recife.
O assunto fez parte da programação da I Conferência Internacional de Resíduos Sólidos (Cirsol), realizada no bairro do Recife na última sexta-feira (18). Na capital pernambucana, já existe investimento para um planejamento estratégico e sustentável da cidade. A Agência Recife para Inovação e Estratégia (Aries) e o Porto Digital são parceiros do Projeto CITinova, realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) para promover a sustentabilidade nas cidades brasileiras por meio de tecnologias inovadoras e planejamento urbano integrado. Implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e financiado do Fundo Global para o Meio Ambiente (Gef), a expectativa é que o projeto invista mais de US$ 7 milhões no desenvolvimento sustentável do Recife até abril de 2023.
Mariana Pontes, arquiteta e diretora de projetos na Aries, explica que uma cidade é considerada sustentável quando “promove ações e políticas públicas que impactam positivamente a sustentabilidade, como por exemplo, através da redução das desigualdades, erradicação da pobreza, garantia de acesso à saúde e educação, investimentos no desenvolvimento da qualificação profissional, redução de áreas de risco e vulnerabilidade e infraestrutura urbana”.
“A cidade do Recife tem uma rica diversidade de ativos ambientais, que compõem parte da identidade da capital pernambucana, a peculiar configuração da cidade, entre mar e as áreas de morro, e a coexistência de unidades paisagísticas, como a mata, estuários de rio (Capibaribe e Beberibe) e os manguezais. Somada a essa diversidade ambiental, o Recife é o centro econômico e logístico da sua Região Metropolitana. A localização privilegiada e a concentração dos serviços mais sofisticados da região conferem à capital um papel central na integração regional e articulação econômica com o Brasil e com o mundo”, avalia a arquiteta.
Entre as ações de planejamento urbano do projeto, Mariana destaca o Plano de Adaptação Setorial do Recife (PASR), que foca nos setores de mobilidade, transformação urbana, economia e saneamento, para contribuir com as políticas ambientais da Cidade e auxiliar na projeção das ações de adaptação às mudanças climáticas para a Cidade do Recife.
Existem também projetos-pilotos, como a implantação de jardins filtrantes no Parque do Caiara, no bairro de Iputinga, Zona Oeste do Recife, que pretende filtrar e melhorar a qualidade da água pelo processo de fitorremediação, processo que utiliza plantas para purificar e minimizar a poluição no meio ambiente. No Cordeiro, também Zona Oeste da cidade, será feita captação da água no Riacho do Cavouco com a mesma técnica.
A criação de Micro Estações de Monitoramento da Qualidade da Água e do Ar também é um projeto-piloto executado pelo CITinova que irá mensurar e demonstrar a qualidade da água filtrada. O projeto também pretende contribuir com a retomada a relação da cidade com o rio, construindo dois trechos do Parque Capibaribe.
Recife 500 anos
A Aries é responsável por coordenar o Plano Recife 500 Anos, estratégia de desenvolvimento de longo prazo para a cidade do Recife, que será a primeira capital do Brasil a completar 500 anos em 2037. Com os pilares de "reunir, reviver e reinventar o Recife", o plano busca valorizar o potencial urbano ambiental da Cidade, contribuir para redução das desigualdades sociais, investir no desenvolvimento da primeira infância e outras ações para o desenvolvimento da qualidade de vida do Recife.
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