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Agricultura urbana promove vários objetivos do desenvolvimento sustentável

Nossas metrópoles foram crescendo e empurrando os cinturões verdes para cada vez mais longe. Este processo parece estar se esgotando, como se pode observar na importância que a agricultura urbana vem ganhando nos últimos anos, tanto nas cidades quanto nos debates.

Ontem, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) publicou um trabalho mostrando que a expansão da agricultura urbana avança no cumprimento de pelo menos 5 dos objetivos do desenvolvimento sustentável (SDG): SDG 2 – fome zero e agricultura sustentável; SDG 3 – saúde e bem-estar; SDG 10 – redução de desigualdades; SDG 11 – cidades e comunidades saudáveis; e o SDG 13 – ação contra a mudança global do clima.


O PNUMA também publicou um guia para políticas públicas, sumarizando as recomendações do trabalho. A nota à imprensa do órgão internacional pode ser lida aqui.


Importante: o trabalho foi desenvolvido a várias mãos, com destaque para o pessoal do Instituto Escolhas.


Em tempo 1: O afastamento dos cinturões verdes das grandes cidades brasileiras se deu pressionado pelo preço crescente da terra, mas também pela concorrência dos alimentos industrializados, em especial, a categoria dos ultraprocessados. A força do marketing e a durabilidade artificial aumentaram descomunalmente o peso dos ultraprocessados na dieta de quem mora nas cidades. Pesquisadores da USP e da universidade australiana Deakin publicaram dois trabalhos importantes sobre o impacto dos ultraprocessados. Josefa Garzillo, da USP, uma das autoras, disse que “as análises mostraram que o consumo de ultraprocessados na dieta brasileira aumentou significativamente a pegada de carbono e hídrica da dieta dos brasileiro”. A resenha da Bori complementa dizendo que a pesquisa “traz à tona um impacto antes desconhecido dos alimentos ultraprocessados, registrando consequências ambientais do consumo desse tipo de alimento – que se somam às já conhecidas consequências para a saúde pública, como aumento do risco de desenvolvimento de obesidade e doenças crônicas relacionadas.” O trabalho sobre a pegada de carbono saiu em novembro passado e foi publicado na Revista de Saúde Pública. O da pegada hídrica saiu na última edição da mesma revista, mas ainda não tinha subido para o site. Daremos o link assim que sair. A Galileu reproduziu a resenha da Bori. O Metrópoles também comentou.


Em tempo 2: O agronegócio nacional responde diretamente por cerca de 30% das emissões nacionais, o que o coloca em 2º lugar, atrás somente do desmatamento. Só o imenso rebanho nacional responde por 20%. No entanto, práticas mais sustentáveis poderiam reverter o sinal e tornar o agronegócio um removedor líquido de CO2. A CNN reporta que a EMBRAPA vem trabalhando nessa direção já há algum tempo. O grande pulo se daria convertendo os milhões de hectares de pasto degradado, que perdem continuamente o carbono existente no solo, em sistemas bem manejados que removem CO2 da atmosfera, a maior parte na forma de grama que alimenta o rebanho e fixa o excedente no solo. A integração da pecuária com lavouras e florestas potencializa ainda mais o saldo positivo das remoções.

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