Insetos geralmente não são protagonistas de campanhas de conservação ambiental – e você pode achá-los feios e nojentos. Mas eles também precisam ser protegidos: são parte importante dos ecossistemas e polinizadores exclusivos de muitas culturas agrícolas. E estão em declínio, aqui no Brasil.
Foi o que observou um levantamento feito por pesquisadores da Unicamp (SP) e das universidades federais de São Carlos (SP) e do Rio Grande do Sul. Eles reuniram 75 casos sobre abundância e biodiversidade de insetos, registrados anteriormente por outros cientistas. E descobriram que a maioria aponta para uma redução desses animais.
A lista de insetos do levantamento inclui aquáticos (como as libélulas) e terrestres (como abelhas, vespas, formigas, borboletas e besouros). As informações foram obtidas em 45 estudos – a maioria na Mata Atlântica, nenhum no Pantanal e na Caatinga – e a partir de conversas com outros 156 pesquisadores, que responderam questionários e contribuíram com suas experiências.
Redução dos insetos
Houve um declínio no número e na diversidade de insetos terrestres, mas não de insetos aquáticos – como era esperado. O problema foi a disponibilidade de informação. “Muitos dados que obtivemos eram de locais degradados já no início dos estudos”, explicou o pesquisador Adriano Melo à Super. “Outros tratavam de pouco tempo de estudo (4 a 5 anos) ou de locais bem preservados, onde não se espera declínio acentuado.”
E o motivo do declínio? As populações de insetos sofrem principalmente com a remoção de vegetação nativas para a formação de pastagens e o plantio de culturas agrícolas, além do uso indiscriminado de pesticidas. São afetados até pela iluminação de grandes centros urbanos, que atrai os bichinhos.
Desafios do levantamento
Para avaliar com precisão a biodiversidade e abundância de insetos, os cientistas precisam de estudos de longo prazo – que acompanhem populações por décadas e possam identificar melhor suas flutuações do que estudos curtos.
As tendências incluídas no levantamento foram registradas ao longo de 11 anos, em média, para insetos aquáticos e 22 anos para insetos terrestres. Parece bastante, mas há estudos nos Estados Unidos e na Europa que passam de 50 anos de monitoramento, segundo o pesquisador André Freitas.
“É um problema global, embora mais acentuado em países com baixo investimento em pesquisa. O problema é a falta de financiamento de estudos de longo prazo”, explica Adriano.
Fonte:super.abril.com.br
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