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A visão brasileira sobre a economia de baixo carbono.


O Brasil é um dos protagonistas da agenda ambiental do planeta e o setor industrial acredita que o país tem potencial para liderar um processo de descarbonização da economia global. A indústria brasileira tem inúmeros casos de sucesso que mostram como as empresas podem descarbonizar seus processos de produção.


“Vamos destacar duas agendas importantes: mostraremos por que a indústria brasileira é considerada uma das mais competitivas do mundo quando se fala de sustentabilidade e também nossa vantagem energética sobre os demais países”, afirma Davi Bomtempo, gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI).


A visão da indústria brasileira sobre como implementar uma economia de carbono zero no mundo será apresentada pela CNI na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), marcada para o período entre 8 e 17 de novembro, no Egito.


O Brasil possui a maior disponibilidade hídrica do mundo, com 12% das reservas mundiais. Sua matriz energética conta com 84,8% de fontes renováveis. Além disso, o país é o segundo maior produtor de biocombustíveis, atrás apenas dos Estados Unidos.


Metas ambiciosas


As mudanças realizadas pelas empresas caminham na direção dos objetivos estabelecidos pelo Acordo de Paris, assinado em 2015. O tratado foi um marco na agenda do clima ao estabelecer uma meta global para limitar o aquecimento do planeta.


Durante a COP26, no ano passado, em Glasgow, na Escócia, o Brasil reafirmou seu compromisso de redução das emissões líquidas totais de gases de efeito estufa em 37%, em 2025, e em 50% até 2050. Para alcançar essas metas, o principal compromisso assumido pelo país é o de zerar o desmatamento ilegal até 2028.


"É uma meta ambiciosa e, para alcançá-la, é necessária uma combinação de mecanismos de incentivos econômicos e de comando e controle, bem como o fortalecimento das instituições de monitoramento e implementação da lei”, afirma Ariaster Chimeli, professor da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em Economia do Meio Ambiente.


Muito além do combate ao desmatamento, a CNI defende que o governo implemente uma estratégia nacional para pavimentar a transição para uma economia de baixo carbono. A instituição construiu um planejamento com esse objetivo a partir da contribuição de federações e associações das indústrias, empresas e especialistas. Ela é baseada em quatro pilares: transição energética, mercado de carbono, economia circular e conservação florestal.


Entre as principais ações do plano é possível destacar a necessidade: de ampliar o uso de energia limpa; de regulamentar o mercado de carbono de modo a incentivar novos negócios; de estimular o melhor uso dos recursos naturais com a reciclagem e reutilização de matérias-primas; e combater o desmatamento ilegal, vilão das emissões de gases no Brasil, promovendo o desenvolvimento sustentável por meio da ampliação das áreas de concessões florestais.


“A indústria é parte da solução das questões climáticas. Temos que usar melhor nossa disponibilidade de recursos naturais e fontes de energia limpa, e investir em novas tecnologias, como o hidrogênio sustentável”, completa Davi Bomtempo.


Cássia Carvalho, diretora executiva da U.S. Chamber of Commerce, avalia que o processo de mudança é longo, mas possível. “Precisamos mudar nossa forma de viver, as cidades onde vivemos, os paradigmas, toda a indústria e cadeia de valor. Essa estratégia deve garantir acessibilidade, segurança alimentar, energética e melhor qualidade de vida", disse ela durante evento sobre o tema promovido pela CNI em agosto, em São Paulo.


Créditos de carbono


Uma questão que deve dominar os debates durante a COP27 será o mercado de carbono. Apesar de ter uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, o Brasil faz parte de uma região que tem participação tímida na obtenção de recursos no mercado internacional da sustentabilidade. Segundo levantamento da CNI, enquanto a Ásia recebeu 38% dos recursos de fundos climáticos anuais, foram destinados à América Latina e ao Caribe apenas 4,5% do total.


“Esse dinheiro não chega ao Brasil por conta da insegurança. Não há garantias coletivas para micro e pequenas empresas acessarem os recursos”, afirma Davi Bomtempo.


O professor Ariaster Chimeli, da USP, acredita que a insegurança é uma das travas para o desenvolvimento do mercado de carbono no Brasil. Segundo ele, o projeto de lei que tramita no Congresso Nacional e o decreto presidencial publicado este ano sobre o tema trazem avanços, mas deixam importantes lacunas e imprecisões sobre como exatamente será feita a certificação e comercialização de créditos de carbono.

Fonte:noticias.portaldaindustria.com

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