Pedalando. Estudo comprova que cidades brasileiras melhoraram os índices de poluição durante a quarentena, por causa da maior adoção do ciclismo
O mundo começa a viver o período de construção do novo normal e fomentar possibilidades de construir cidades mais humanas e sustentáveis é o que muitos países estão intensificando rapidamente desde o início da pandemia.
Durante setembro, Mês da Mobilidade, a Tembici, operadora do sistema de bikes compartilhadas, está proporcionando a oportunidade das pessoas acompanharem discussões à respeito do futuro da mobilidade por meio do Summit Tembici. O evento online acontece às terças-feiras até o fim do mês e no dia 22 – Dia Mundial Sem Carro – teve uma temática especial: a relação da mobilidade com o meio ambiente.
LIVRE
Nos últimos meses, um novo capítulo começou na história dos modais individuais como a bike, inclusive, recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Além da bicicleta ser um modal de transporte individual que permite o distanciamento social, também é utilizada ao ar livre e é não-poluente, contribuindo para manter os índices mais baixos de poluição atingidos durante a quarentena.
De acordo com estudo do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), se na cidade de São Paulo, que tem uma frota superior a 9 milhões de automóveis de passeio, até 43% das viagens de automóveis fossem realizadas de bicicleta, seria criado um potencial de redução de 10% das emissões de CO2, considerando um período de um a três anos.
Um levantamento da Pesquisa Origem e Destino aponta que na região metropolitana da capital paulista, metade das viagens de carro são de até 5 quilômetros, distância que em grande parte dos trajetos, pode ser feita pedalando.
MAIS USUÁRIOS
A Tembici registrou um aumento considerável de usuários e viagens, após início da reabertura gradual da economia em diversas cidades. Somente em Pernambuco, o projeto Bike PE cravou aumento de 170% nas viagens, de maio para julho deste ano, e o número de usuários que pedalaram foi 4,5 vezes maior no mesmo período.
O Bike Rio, de abril para agosto deste ano, registrou um aumento de 63% em viagens. Um estudo realizado pela empresa no início do mês, entre usuários de São Paulo e Rio de Janeiro, aponta que durante a quarentena, 49% das pessoas que precisaram sair de casa optaram pela bicicleta como meio de transporte. Não há números relativos a Belo Horizonte, infelizmente.
Apesar da pandemia ter proporcionado uma diminuição na emissão de CO2, devido à quantidade de pessoas em quarentena, só esse ano a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) mostrou que em abril a quantidade de CO2 na atmosfera era a mais alta desde 1958, quando as medições tiveram início.
Além dos impactos ambientais, a escolha diária pelo uso do automóvel gera enorme influência econômica. A ONU alerta há anos que a poluição atmosférica tem um custo global de US$ 5,3 trilhões, o equivalente a 7,2% do PIB mundial. Este é o valor gasto com a perda de produtividade devido às doenças relacionadas à poluição e também aos gastos no setor de saúde e meio ambiente.
COMPROMISSO
“Se nenhuma medida que tenha um impacto real for tomada, a mortalidade decorrente da poluição vai deixar uma conta de US$ 25 trilhões até 2060, de acordo com o relatório da ONU. Este não é um retrato apenas do Brasil, é uma tendência mundial pela busca e manutenção do distanciamento social e por transportes verdadeiramente sustentáveis”, afirma o CEO e co-fundador da Tembici, Tomás Martins.
Segundo ele, a empresa tem o compromisso constante de refletir, observar, levantar discussões, cobrar as autoridades por mais infraestrutura e políticas públicas que garantam mais espaço para a bicicleta, além de reforçar todas as ações referentes ao respeito e segurança no trânsito, tão necessários para uma mobilidade urbana funcional.
O COO e co-fundador da empresa, Mauricio Villar, complementa que a Tembici tem como propósito inspirar uma revolução de mobilidade, uma pessoa por vez. “Isso é o que nos guia, além da acreditarmos que quando uma pessoa pedala, ela é capaz de mudar sua própria vida e, quando muitas pessoas pedalam, elas são capazes de revolucionar cidades inteiras. As mudanças são urgentes e já começaram”, observa.