Ambientalistas, pesquisadores e profissionais do meio ambiente fazem um balanço da temporada
Tartaruga marinha tem seu primeiro contato com o mar: ONU dá início em 2021 à Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável
Enchentes, queimadas, desmatamento, ciclone bomba, nuvem de gafanhoto, animais invasores e uma pandemia sem precedentes na história moderna. O ano de 2020 apresentou grandes desafios relacionados ao meio ambiente e encerra como o terceiro ano mais quente já registrado. Por um lado, 2020 foi marcado pela união dos países em construir uma economia mais verde; por outro, pelos desafios mais imediatos provocados pelo coronavírus. "Este foi um ano de paradoxos. Apesar do efeito nefasto em mortes pela Covid-19 e a perda de renda devido à desaceleração econômica, esta situação provocou uma redução considerável na poluição do ar, tanto pela redução da movimentação de veículos no planeta como pela desaceleração industrial", resume o membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e professor do Laboratório de Inovação em Sustentabilidade da Universidade de Colorado, Gunars Platais. Ele e outros especialistas fizeram um balanço dos eventos mais marcantes da área ambiental em 2020. Veja a seguir:
Fim da Década da Biodiversidade - Em 2020, encerra-se a Década da Biodiversidade, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para proteger as espécies do planeta. No entanto, nenhuma das metas definidas para o período foi atingida de acordo com o balanço final da Década divulgado pela entidade em setembro deste ano.
Redução das emissões de gases do efeito estufa — Um estudo da revista científica Nature Communications mostrou que a pandemia teve grande impacto na redução da poluição atmosférica. Segundo cálculos dos pesquisadores, houve uma queda de 8,8% nas emissões de dióxido de carbono (CO2) na primeira metade do ano em comparação com igual período de 2019. A redução é maior do que a registrada em crises econômicas anteriores ou na Segunda Guerra Mundial.
Pantanal — Em 2020, o Pantanal recebeu atenção internacional em razão dos incêndios que queimaram o bioma e mataram milhares de animais. "Em 2020, a intensidade e a quantidade de áreas atingidas pelo fogo foram muito grandes. Apesar das políticas equivocadas do governo federal e algumas em nível dos estados do Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso, a tragédia estabeleceu um clima de solidariedade na sociedade", comenta o membro da RECN e diretor executivo do Instituto SOS Pantanal, Felipe Dias.
Eventos climáticos extremos — Além das chuvas e estiagens, o Brasil também conviveu com eventos climáticos incomuns ao longo do ano, como o ciclone bomba, que prejudicou mais gravemente a região Sul do País, e a nuvem de gafanhotos, ocasionada pelas mudanças climáticas e por práticas não sustentáveis de agricultura.
Passando a boiada — Em uma reunião ministerial em abril, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, declarou que o governo deveria aproveitar o foco da imprensa na cobertura da pandemia do novo coronavírus para passar "reformas infralegais de desregulamentação e simplificação". Entre as tentativas de mudanças orquestradas pelo governo federal estão as alterações na fiscalização da exportação de madeira e demissões nos órgãos de controle ambiental.
Pesca de sardinhas em Fernando de Noronha — No final de outubro, o governo federal autorizou a pesca de sardinhas no Parque Nacional Marítimo de Fernando de Noronha, o que gerou preocupação entre ambientalistas e pesquisadores.
Fonte: Fundação Grupo Boticário e Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) - http://www.fundacaogrupoboticario.org.br.
Agenda ambiental global no panorama para 2021
Os especialistas traçaram algumas perspectivas para 2021. Veja a seguir:
Início da Década do Oceano - Com o fim da Década da Biodiversidade, a ONU dá início em 2021 à Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável. O objetivo é unir esforços de todos os setores relacionados ao mar para reverter o ciclo de declínio na saúde do oceano e criar melhores condições para concretizar o desenvolvimento sustentável.
COP 26 e COP 15 - Em 2021, importantes eventos relacionados ao meio ambiente, dentro do âmbito da ONU, ocorrerão como forma de unir os países em torno de um futuro sustentável. "Será um ano crucial para a agenda ambiental global, com o início da Década da ONU de Restauração de Ecossistemas; a realização na Escócia da Conferência das Partes (COP) 26 de Clima para pactuar acordo sobre as regras de implementação do Acordo de Paris; e a realização da COP 15 de Biodiversidade na China para adotar a nova Estratégia Global de Biodiversidade para o período de 2021 a 2050. São oportunidades únicas que o Brasil não pode perder para influenciar, fazendo bom uso das lições aprendidas com as ricas experiências desenvolvidas no país", comenta membro da RECN e professor do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília, Braulio Dias.
Impacto das eleições nos EUA - A eleição do presidente Joe Biden nos Estados Unidos e o retorno do país ao Acordo de Paris irá fortalecer a política ambiental global e influenciar países como o Brasil.
Novos hábitos de consumo - A mudança dos padrões de consumo da sociedade, em especial da juventude, é um importante aspecto a monitorar ao longo do próximo ano e década, indicam os especialistas. Os modelos atuais de crescimento econômico estão sendo questionados e a economia circular ganha cada vez mais relevância nesse novo contexto.
Cidades sustentáveis - A tendência de cidades em todo o mundo de implantar ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas deve continuar em 2021. No Brasil, especificamente, essa ação deve ser liderada pelos novos prefeitos e vereadores eleitos em 2020. Exemplos já existem.
Os especialistas traçaram algumas perspectivas para 2021. Veja a seguir:
Início da Década do Oceano: Com o fim da Década da Biodiversidade, a ONU dá início em 2021 à Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável. O objetivo é unir esforços de todos os setores relacionados ao mar para reverter o ciclo de declínio na saúde do oceano e criar melhores condições para concretizar o desenvolvimento sustentável. COP 26 e COP 15 - Em 2021, importantes eventos relacionados ao meio ambiente, dentro do âmbito da ONU, ocorrerão como forma de unir os países em torno de um futuro sustentável. "Será um ano crucial para a agenda ambiental global, com o início da Década da ONU de Restauração de Ecossistemas; a realização na Escócia da Conferência das Partes (COP) 26 de Clima para pactuar acordo sobre as regras de implementação do Acordo de Paris; e a realização da COP 15 de Biodiversidade na China para adotar a nova Estratégia Global de Biodiversidade para o período de 2021 a 2050. São oportunidades únicas que o Brasil não pode perder para influenciar, fazendo bom uso das lições aprendidas com as ricas experiências desenvolvidas no país", comenta membro da RECN e professor do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília, Braulio Dias. Impacto das eleições nos EUA - A eleição do presidente Joe Biden nos Estados Unidos e o retorno do país ao Acordo de Paris irá fortalecer a política ambiental global e influenciar países como o Brasil. Novos hábitos de consumo-A mudança dos padrões de consumo da sociedade, em especial da juventude, é um importante aspecto a monitorar ao longo do próximo ano e década, indicam os especialistas. Os modelos atuais de crescimento econômico estão sendo questionados e a economia circular ganha cada vez mais relevância nesse novo contexto.Cidades sustentáveis - A tendência de cidades em todo o mundo de implantar ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas deve continuar em 2021. No Brasil, especificamente, essa ação deve ser liderada pelos novos prefeitos e vereadores eleitos em 2020. Exemplos já existem.
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