Dados da Fundação Mata Atlântica mostram que esse importante bioma brasileiro registrou em 2018 o menor índice de desmatamento dos últimos 30 anos. Mas se há motivos de comemoração no plano geral, no caso do Piauí os números apontam para um quadro que consideram “inaceitável”: o estado teve o segundo maior desmatamento em todo o país, atrás apenas de Minas Gerais.
A Fundação é uma ONG que se dedica à preservação da Mata Atlântica e faz, desde 1985, um levantamento sistemático do desmatamento nesse bioma que está presente em 14 estados. No ano passado, o desmatamento desacelerou, fruto de perdas que não chegam a 3 hectares em 9 estados (SP, RJ, ES, SE, AL, PE, PB, RN e CE). Mas em cinco estados (Minas Gerais, Piauí, Paraná, Bahia e Santa Catarina) o ritmo de desmatamento ainda é inaceitável.
No total, o bioma perdeu 11.399 hectares em 2018. Minas Gerais lidera com 3.379 hectares desmatados, seguido de Piauí (2.100 hectares) e Paraná (2.049). Juntos, os três estados somam mais de 60% de tudo o que foi destruído no ano passado.
A preocupação dos ambientalistas com o bioma é pelo alcance e importância que ele tem. Na Mata Atlântica estão diversas espécies que só existem lá. Também em algumas áreas estão nascentes fundamentais para regiões como São Paulo e Rio. Hoje a Mata Atlântica tem apenas 12% do que já foi. E a recuperação de algumas áreas está sendo feita através da parceria com a iniciativa privada.
Agronegócio acelera desmatamento
O agronegócio é apontado como a principal causa do desmatamento no estado do Piauí. Nesse quesito, o dedo aponta para a região dos cerrados, em especial no trecho entre o Gurgueia e o Parnaíba. O dado coloca em confronto duas vertentes: a preservacionista e a desenvolvimentista. Vale lembrar, somente no ano passado a produção de soja implicou em cerca de 50 mil hectares de áreas novas plantadas.
Mas há um claro descompasso entre o número da expansão agrícola (menos de 100 mil, hectares novos) com o desmatamento , muito maior (2.100 hectares). Os números também devem apontar para causas complementares que fazem do Piauí o segundo pior desempenho do país no que diz respeito a esse bioma, sobretudo porque a parte mais robusta da Mata Atlântica no estado se situa na região de São Raimundo Nonato.