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Startup faz raio-x de cidades brasileiras de olho em comunidades mais sustentáveis


Paulo Pandolfi (esq.) e Gustavo Maia, do Colab. FOTO: Marco Torelli

NEGÓCIO de impacto social, Colab fez pesquisa em parceria com ONU-Habitat para avaliar aspectos como habitação, transporte e serviços básicos

Mais da metade da população mundial vive em áreas urbanas. No Brasil, embora haja a informação de que essa parcela englobe mais de 80% dos habitantes do País, ainda temos dificuldade em mensurar o número de pessoas que vivem de maneira adequada. Para melhorar a base de informações sobre a temática, o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Urbanos, via ONU-Habitat, firmou uma parceria com o negócio de impacto social Colab para conduzir a Consulta Cidades Sustentáveis.

A meta era questionar os cidadãos brasileiros sobre o quão próximo suas cidades estão de se tornarem sustentáveis. Para mobilizar o maior número de participantes, foi criado um Programa de Embaixadores, que reuniu 164 pessoas de 82 cidades. Ao longo de dois meses, esses porta-vozes da causa tiveram a missão de engajar as próprias comunidades na consulta por meio de ações presenciais e digitais.

Concluída no início deste ano, a pesquisa contou com a participação de 9.606 cidadãos – 44,7% mulheres e 55,3% homens –, que responderam a 29 questões sobre habitação, transporte, participação social e resiliência, entre outros temas, relacionadas às cidades onde vivem.

O objetivo da agência da Organização das Nações Unidas é cruzar as respostas com os dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e órgãos internacionais para monitorar o desempenho perante o desafio da ODS 11 – Objetivo do Desenvolvimento Sustentável que busca tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.

Em uma escala de 0 a 100, a pesquisa avaliou diferentes dimensões, sendo possível enxergar em quais a percepção dos brasileiros está melhor ou pior. Os resultados prévios mostram que temas como habitação, serviços básicos (53 pontos cada); espaços públicos e resiliência a catástrofes (52 pontos cada); e acesso a transporte (43 pontos) foram os que receberam menor pontuação entre os temas avaliados. Quando perguntados se o “número de pessoas que vivem em favelas, assentamentos informais ou habitações inadequadas aumentou nos últimos dois anos”, 40% concordaram com a afirmação e 35,1% concordaram fortemente.

Na questão sobre o “acesso ao transporte público seguro, com preço justo, acessível e sustentável”, apenas 2,3% concordam fortemente. A afirmativa “na cidade em que vivo, comparando com dois anos atrás, o número de pessoas afetadas negativamente quando acontecem desastres está aumentando” é aceita como verdadeira por 43,6% dos entrevistados.

“Se bem planejada e gerenciada, a urbanização pode ser uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento sustentável”

Com o apoio do Instituto Vedacit, Instituto Arapyaú, Vital Strategies e Artemisia, o levantamento feito pelo Colab – empresa focada em inovação para governo, que busca a melhoria da gestão pública por meio da colaboração entre cidadãos e poder público – é de suma importância para o Brasil. Nesse engajamento do cidadão, aliás, está a chave para a melhoria de eficiência e efetividade da gestão pública.

A parceria da civic tech com a ONU Habitat dialoga com a premissa de que, se bem planejada e gerenciada, a urbanização pode ser uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento sustentável. E a aliança de todos os atores sociais é essencial.

As respostas recebidas pelo Cidades Sustentáveis serão entregues aos prefeitos e prefeitas das cidades com mais participações e também darão origem a um guia para a promoção, em todo o mundo, do ODS 11 – que lista objetivos e metas para garantir vida digna para todos. A pesquisa completa será divulgada pelo ONU-Habitat em maio.

* Maure Pessanha é coempreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.

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