Desde que cursava o oitavo ano do Ensino Fundamental, Gabriela Farias, 17, já havia decidido um dia ser psicóloga. Hoje na terceira série do Ensino Médio, a estudante do Colégio Lourenço Filho conta que pesquisar sobre a graduação por meio de vídeos na internet, por exemplo, e ir a feiras de profissões promovidas pela escola e por universidades foram atitudes que a ajudaram solidificar a escolha.
Em meio às inúmeras opções de cursos, estudantes podem ficar confusos no momento de escolher que profissão seguir. Para essa etapa, a psicóloga, orientadora profissional e coordenadora do curso de Psicopedagogia da Universidade Estadual do Ceará (Uece) Sâmia Gomes destaca a importância de o aluno pesquisar sobre o que caracteriza cada profissão, em que áreas o profissional pode atuar, as faculdades que ofertam a graduação, os passos para concluir o curso e a realidade após a formatura.
Para começar essa pesquisa, o estudante deve selecionar algumas opções de graduações. Segundo a psicóloga, é necessário refletir sobre si, seus interesses, suas habilidades que se relacionam com o "mundo do trabalho" — como liderança e raciocínio lógico — e seu projeto de vida. "É importante também refletir acerca das diversas influências que existem na hora de escolher uma profissão. É o status? É a condição financeira? É uma missão de vida? É uma missão que ele quer cumprir no social? Toda profissão tem uma função social."
De acordo com Sâmia, "todo e qualquer processo de orientação profissional parte do autoconhecimento", tanto para quem escolhe a primeira graduação quanto para quem busca uma nova profissão. O autoconhecimento, pondera, envolve processos como reconhecer áreas de interesse e o que se gosta ou não de fazer no dia a dia. "Nesse contexto, o aluno pode buscar a ajuda de um psicólogo."
Para fazer uma boa escolha
Antes de optar pela Psicologia, Gabriela Farias tinha dúvidas entre esse curso e Direito. Decidiu pesquisar sobre as duas áreas. "Isso foi muito importante para que eu pudesse realmente ter uma visão clara do que vai ser o meu futuro. Do que vou estudar, com o que vou trabalhar. [...] Hoje, sei o caminho que quero trilhar e os concursos que quero fazer", conta. Gabriela buscou uma profissão que a permitirá utilizar os próprios talentos para ajudar outras pessoas e se sentir realizada pessoal e profissionalmente. "O que me chama muita atenção na Psicologia é ter várias áreas de atuação. É uma coisa que me agrada muito, porque sempre sonhei em trabalhar em uma profissão dinâmica."
Segundo Juliete Xerez, psicóloga do Ensino Médio do Colégio Lourenço Filho, a instituição orienta os alunos sobre a importância de escolher uma profissão com a qual se identifiquem e os oferece suporte nesse momento. "Tem que escolher algo que goste. Se um aluno escolher a Medicina porque é status e não tiver aptidão nenhuma, provavelmente não vai ter sucesso", exemplifica. A psicóloga destaca também a importância do apoio familiar. "O suporte familiar é fundamental para essa escolha e também para ele se autoconhecer. Ele vai carregando características da família e isso o ajuda a se construir."
Sâmia complementa que a família deve deixar o jovem à vontade, mas demonstrando interesse e oferecendo ajuda caso seja necessário. Para Gabriela, a escolha foi "muito leve", uma vez que, da mesma forma que ela, os familiares seguiram profissões relacionadas às aptidões de cada um. "Sempre fui muito livre em relação à minha escolha, ao que eu queria fazer, aos meus sonhos, principalmente", afirma.
Iniciativas
De acordo com Juliete, o Colégio Lourenço Filho oferece diferentes iniciativas para auxiliar os estudantes nesse momento, respeitando a subjetividade de cada um. Uma das atividades é a Feira das Profissões, que conta com a presença de profissionais de diferentes áreas de atuação. Entre os temas abordados, os especialistas explicam sobre como se deu a escolha pela profissão e a aceitação por parte da família. "Também falam sobre como estão hoje no mercado, se se sentem realizados ou não, se existem outras opções naquela profissão para atuar em outras áreas. É um evento muito rico", afirma.
Além disso, ao longo do ano, os alunos contam com visitas a diversas instituições para conhecer o dia a dia das profissões. Essa atividade, segundo Juliete, pode ser uma oportunidade para os estudantes conhecerem diferentes possibilidades para atuar em uma mesma profissão. Essas dúvidas sobre as possibilidades de cada profissão também são trabalhadas no atendimento pessoal realizado pela escola no Serviço de Orientação Educacional e Psicologia (Soep) da instituição. "A informação que eles têm ainda é muito rasa. No atendimento individual, vamos quebrando essas barreiras, abrindo o leque de opções."
Preparação para o Enem
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cuja edição 2018 acontece no próximo dia 4, emprega a Teoria de Resposta ao Item (TRI) na elaboração das provas. Conforme Filgueiras Neto, diretor do Colégio Lourenço Filho, a metodologia leva em conta a coerência das respostas em relação ao conjunto de perguntas e é aplicada na correção dos simulados realizados pela instituição a partir do nono ano. "A prova tem que ser calibrada. Ter, de um mesmo conteúdo, questões consideradas fáceis, medianas e difíceis", afirma. "Quando o aluno acerta todas as difíceis e erra as fáceis, não faz sentido e a nota dele cai", afirma.