O Ceará tem no segmento de energias renováveis um dos seus principais potenciais de desenvolvimento econômico para os próximos anos. Não só em produção de energia limpa para o Sistema Interligado Nacional (SIN), mas também em geração distribuída, aquela produzida pelos próprios consumidores, e produção de equipamentos para os demais
elos da cadeia.
O Estado tem índice de radiação solar que chega, em média, a 5,5 kWh/m². É mais que 90% superior a que se tem, por exemplo, na Alemanha, líder mundial em produção de energia solar. Também possui ventos estáveis, praticamente unidirecionais, e regulares praticamente o ano inteiro, condições ideais para o segmento de energia eólica, explica o diretor de geração centralizada do Sindienergia Ceará, Luiz Eduardo Moraes.
Além disso, o estudo de macrotendências mundiais da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) mostra que, até 2030, crescerá a demanda do setor produtivo por energia. Há ainda uma pressão global para que isso seja feito de forma sustentável.
O Brasil, por exemplo, se comprometeu em aumentar a participação das energias renováveis na matriz energética para 45% até 2030. Embora hoje este percentual seja de 43%, quase 70% do que vai para geração de energia elétrica no País ainda vêm de hidrelétricas. No Plano Decenal de Energia 2015-2024, a previsão é ampliar a participação de eólicas, de 3,7% para 11,6% até 2024. E as fontes solares de 0,8% para 3,3%.
A fatia de pessoas e empresas que produzem sua própria energia também deve crescer no mundo inteiro em função da busca por mais economia e hábitos mais sustentáveis.
O engenheiro cearense, Aírton Baltazar, de 62 anos, decidiu há dois anos fazer seu próprio sistema de energia em casa, assim que saíram as primeiras legislações autorizando a geração distribuída no Brasil.
À época, ainda pagou caro pela instalação das placas fotovoltaicas, em torno de R$ 60 mil, para produzir 2 mil Kw/hora de energia. Muito mais do que a demanda de energia da sua residência, um outro imóvel que aluga e um ponto comercial que tinha, mas economicamente mais viável do que o método convencional. Considerando que a vida útil do equipamento é de 25 anos. O seu gasto mensal com energia elétrica dos três imóveis caiu de R$ 840 para R$ 80.
"O dinheiro que gastei paga o investimento em cinco anos. Daí em diante vou ter energia quase de graça, porque a taxa de iluminação pública e a contribuição para o sistema ainda continuam sendo cobrados", observa..
Tecnologia
O diretor técnico da Energy Green e diretor de geração distribuída do Sindienergia, Ricardo Correia, diz que, com o avanço tecnológico e popularização do serviço, o preço de projetos solares caiu muito no Brasil. A instalação em casas com consumo próximo de 400 kw/mês, o equivalente a uma conta de R$ 300 reais, já sai, por exemplo, em torno de R$ 9 mil.