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CE lidera volume exportado em calçados e atinge US$ 289 mi


As turbulências políticas e econômicas internacionais, as consequentes oscilações cambiais e os problemas estruturais do sistema produtivo brasileiro não foram suficientes para segurar as exportações de calçados em 2017. No período, e com grande esforço em promoção de produto, comercial e de imagem, os calçadistas cearenses acompanharam a média de crescimento nacional, e embarcaram quase 50 milhões de pares que geraram US$ 289 milhões, altas tanto em volume (4,8%) quanto em receita (7,2%) em relação a 2016, sendo o maior volume embarcado do País, e segundo maior exportador em receita.

Segundo o balanço divulgado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), ontem, na sequência, em volume, está o Rio Grande do Sul, que destinou 28,14 milhões de pares ao exterior, gerando US$ 451,84 milhões – queda de 2% em volume e incremento de 3,6% em receita no comparativo com 2016. Apesar das retrações, os gaúchos continuam liderando em receita, respondendo por 41,4% do valor gerado com as exportações do setor. Fechando o pódio dos exportadores de calçados, São Paulo embarcou 7,4 milhões por US$ 113,7 milhões, queda de 18% em volume e incremento de 5,5% em valores em relação ao ano anterior.

Balanço

No País, os calçadistas embarcaram 127,13 milhões de pares que geraram US$ 1,09 bilhão, 9,3% mais do que em 2016 e o melhor resultado financeiro desde 2013 (quando foi de US$ 1,095 bilhão). Já o resultado físico ficou apenas 1,2% acima do registrado em 2016, o que demonstra um encarecimento do produto brasileiro, especialmente, em função da desvalorização da moeda norte-americana registrada ao longo do ano passado. Segregando apenas o último mês do ano, foram embarcados 17,27 milhões de pares por US$ 116,88 milhões, resultados inferiores tanto em volume (-3,8%) quanto em receita (-8,7%) no comparativo com mesmo mês de 2016.

Em 2017, o principal destino do calçado brasileiro foi os Estados Unidos. Para lá foram embarcados 11,33 milhões de pares que geraram US$ 190 milhões, quedas tanto em pares (-14,4%) quanto em dólares (-14,2%) em relação a 2016. O segundo destino do calçado brasileiro em 2017 foi a Argentina. No período, os hermanos compraram 11,57 milhões de pares por US$ 147 milhões, altas de 22,1% e 31,7%, respectivamente, em relação a 2016. O terceiro destino do ano passado foi o Paraguai, para onde foram embarcados 14,3 milhões de pares que geraram US$ 74,64 milhões, queda de 1,5% em volume e alta de 57,4% em receita no comparativo com 2016.

Importações caem

As importações de calçados, embora tenham dado indícios de crescimento ao longo de 2017, encerraram o ano em declínio. No último mês do ano entrou no Brasil pouco mais de 1 milhão de pares por US$ 16,63 milhões, quedas de 38,7% e 31,7%, respectivamente, em relação ao mesmo mês de 2016. Com isso, o ano fechou com a importação de 23,8 milhões de pares por US$ 340 milhões, alta de 4,6% em volume e queda de 1,1% em receita no comparativo com 2016.

As principais origens foram Vietnã, de onde partiram 10,87 milhões de pares pelos quais foram pagos US$ 187,4 milhões (alta de 4,5% em volume e queda de 1,4% em receita no comparativo com 2016); Indonésia, que exportou 4 milhões de pares por US$ 65,67 milhões para o Brasil (quedas de 0,6% em volume e de 10,3% em receita em relação a 2016); e China, que enviou ao Brasil 5,6 milhões de pares pelos quais foram pagos US$ 31,18 milhões, quedas de 3,7% em volume e 13% em receita no comparativo com o ano anterior. Em partes de calçados – cabedais, solas, saltos, palmilhas etc – as importações chegaram a US$ 41 milhões, 0,1% menos do que em 2016. As principais origens foram China, Vietnã e Paraguai.

Oscilação cambial elevou preço no exterior

Para o presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, os resultados poderiam ser melhores não fosse a oscilação cambial. “Chegamos a ter um câmbio próximo a R$ 3,40 durante o ano, valor que caiu à casa de R$ 3,20. Evidentemente que teve reflexo no preço do nosso calçado, que ficou mais caro para o comprador estrangeiro. Iniciamos o ano com preço médio de US$ 7 e encerramos comercializando a quase US$ 9”, comenta o executivo. “O mercado dos Estados Unidos, que responde por cerca de 20% das nossas exportações, é muito sensível ao preço. O reflexo deste ano foi uma queda significativa. Perdemos espaços para calçados asiáticos”, lamenta Klein.

Ele destacou, no entanto, que o câmbio não pode ser encarado como um fator de competitividade, mas sim como um compensador das perdas ocasionadas pelo oneroso custo de produção brasileiro. “Infelizmente, os nossos principais concorrentes estão muito à frente no quesito carga tributária, logística e custos de produção em geral, o que faz com que percamos competitividade”, avalia.

Por outro lado, Klein ressaltou que o exportador brasileiro foi “heroico” em 2017, trabalhando estratégias diferenciadas para atração de compradores, com produtos de maior valor agregado e que concorram não apenas no preço, mas em qualidade. “Se o exportador competir no preço, está com dias contados. Nisso, os asiáticos são imbatíveis. Por isso é importante fazermos a lição de casa, melhorar as condições de produtividade do portão para dentro da fábrica e esperar menos por mudanças econômicas e tributárias que, infelizmente, parecem distantes de ocorrer”, conclui o executivo.

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