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São Gonçalo do Amarante: Comunidades se posicionam contra poços

O Povo

Em reunião no distrito de Siupé, ontem, em São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Fortaleza, a comunidade decidiu se posicionar contrária a perfurações de 35 poços profundos que serviriam para abastecimento, em parte, do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). Com cerca de 300 representantes das comunidades de Jenipapeiro, Queimadas, Umarizeiras e Taíba, além de Siupé, houve decisão unânime em assembleia, que se baseia, no receio de que as famílias que dependem de cacimbas e poços rasos fiquem sem abastecimento de água. O encontro foi para apresentar os dados que, no último dia 8, foram expostos em reunião com cinco representantes das comunidades, Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra) e Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), na Casa Civil do Governo do Estado. Os 35 poços devem ficar prontos em três meses, e forneceriam, por meio de adutora de 20 km, 200 litros por segundo para o CIPP e para São Gonçalo do Amarante. “Eles mostraram o projeto dos 35 poços, falando que vai trazer benefícios para a gente, disseram das contrapartidas. Mas a gente está bem com a nossa água do jeito que está. E a gente sabe que essa água que vai sair não é para as casas, é para as indústrias e isso não está certo”, comenta a líder comunitária Liduína de Morais, 33. Assinaturas foram recolhidas e, segundo o servidor municipal Edinilton Arcanjo, 33, as comunidades irão “se manter firme contra os poços”. Conforme Jeovah Meireles, geógrafo professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), o receio da população tem fundamento científicos e na experiência. “A exploração proposta é no lençol freático livre, que abastece as cacimbas e pode, rebaixando o nível, diminuir o aporte dos rios, lagoas e nascentes. A longo prazo, com projeções de baixos indices pluviométricos, pode haver déficits das recargas”, explica. O presidente da Cogerh, João Lúcio Farias, pondera que estudos e monitoramentos são feitos na área desde 2011 e que a contrapartida do projeto é a garantia do bastecimento das comunidades. “Eles tem poços rasos, nós propomos fazer os mesmo poços do atendimento do sistema metropolitano para atender essas comunidades”, garante.

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